Na quinta-feira peguei no carrinho e guiei até ao Estoril para ver o musical “Rapazes Nus a cantar” no auditório do Casino. Não sei exactamente o que é que estava à espera que fosse o espectáculo (acho que não tinha quaisquer expectativas) mas foi, com certeza, uma grande surpresa!
A plateia estava praticamente vazia e pouco antes do espectáculo começar ouve-se a voz do locutor da Rádio Comercial dar o aviso da praxe: “É favor desligar os telemóveis”, mas eis que acrescenta logo de seguida: “Se ouvirmos algum telemóvel a tocar, o dono do aparelho será obrigado a subir ao palco e a despir-se!”. Começa tudo a rir. E antes das gargalhadas pararem já está Feist ao piano e sete homens, completamente nus, à nossa frente, a cantar. Ouve-se um telemóvel a tocar: dois “nus” descem e dirigem-se a um homem do público e levam-no até ao palco. Ele parece envergonhado mas acaba por despir-se e começa a cantar com os outros. É, obviamente, o oitavo elemento do elenco.
O espectáculo consiste basicamente em solos (um homem sozinho em palco a cantar) intercalados com músicas de conjunto. E, de facto, eles passam quase uma hora nus, à nossa frente. Ao inicio é verdadeiramente desconcertante contemplar tantos exemplares (todos bastante diferentes) da fisionomia masculina mas, passado pouco tempo, as letras apimentadas e provocatórias das canções levam a melhor e só conseguimos rir.
O tema do musical centra-se obviamente no corpo masculino mas é mais do que isso. Aborda essencialmente vários preconceitos relacionados com a homossexualidade, coisa que não estava à espera. Vemos um homem a limpar uma casa, de espanador em riste, completamente nu; um rapaz judeu prestes a ser circuncisado; um travesti a cantar com saltos de 12cm nos pés; uma estrela porno que afirma que “a versatilidade é o segredo da profissão” - imagens caricaturadas e que nos fazem rir até doer a barriga… Mas há também momentos enternecedores: dois vizinhos que se amam em segredo, olhando-se pela janela, e que não sabem como chegar ao outro; um homem que apregoa que no tempo do Marlon Brando é que era: os homens não eram musculados mas eram considerados viris quando eram charmosos; ou um homem que chora e não esquece o seu amor (outro homem!) falecido…
As cenas de conjunto são igualmente hilariantes: como evitar uma erecção num balneário, que nome se pode dar ao órgão sexual masculino ou “o homem gosta é de bater” são alguns dos segmentos que trazem todos ao palco… E eles não se limitam a cantar: dançam, saltam, fazem o pino…Nus!
A palavra de ordem é: sem pudor. Eles interagem uns com os outros, sem constrangimentos, exprimem emoções, trocam olhares e até se tocam… mas nunca ao ponto da cena se tornar de mau gosto ou particularmente desrespeitosa. Faria muito bem, a muita gente, assistir a este espectáculo… Eu, por mim, gostei! É ousado, criativo e entretém.
Vaca fudurenta! Também quero ver!
ResponderEliminarAgora parece que as pecas sao todas com homens nus, o Rolando também tem uma...lol
Mas agora a sério mesmo tirando a parte aliciante obvia pela tua descricao pareceu-me um bom espectaculo, adorava ter ido ver contigo :(